Ramo Negro

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Hackeamento cultural 

O Hackeamento cultural é uma maneira de acontecer e ler o mundo, onde tecnologias sociais, soluções low-tech e pesquisas decoloniais são materializadas nos campos das artes, educação e cultura tradicional e/ou contemporâneas sendo estas desenvolvidas por criadores/pesquisadores das margens, em busca de diálogo, proteção, upgrade, downgrade (uma postura reflexiva sobre o adinkra SANKOFA) ou possíveis remixes de nossos saberes ancestrais aplicados nos dias de hoje.

Parto de dois conceitos e uma reflexão prática para construir a abordagem estética nesta série e trabalhos, o primeiro é o conceito de capital cultural, desenvolvido pelo sociólogo Pierre Bourdieu onde elenca o conhecimento escolar como ferramenta de contenção e controle de acessos aos alunos que não possuem este repertório em específico. o segundo conceito vem da professora e pesquisadora de novas mídias McKenzie Wark, que argumenta em seu livro A Manifesto Hacker que: “O Hacker é alguém que abre fendas em redes de produção de conhecimento de qualquer espécie e liberta aquele conhecimento da lógica de uma economia de escassez .” somados a esta postura, elenco o terceiro conceito/práxis que vem das reflexões do  lavrador e intelectual orgânico Mestre Antônio Bispo “A universidade é o mais importante instrumento de colonialismo, o mais eficiente […] o povo quilombola, o povo Afro Confluente de uma maneira geral, tem que entrar na universidade, para transformar ela em defesa, pra pegar de volta os saberes que ela me roubou, para pegar de volta e saberes que foram pirateados, para pegar de volta a capacidade de pluralizar a vida, de pluralizar o jeito de pensar”

Essas cosmovisões compõe a confecção de obras onde o cerne seria capturar este capital cultural e redistribuí-lo, visando dar poder a quem sempre será bloqueado pelo firewall do patriarcado, do racismo estrutural e do patrimonialismo, solapando temporariamente por sua vez a necropolítica simbólica, minando como resultado um dos pilares centrais cultura brasileira. 

Neste processo, surge acessibilidade social, pedagógica e estética a equipamentos culturais e outras possibilidades dentro e fora das margens mais equidistante viabilizando a produção conceitual e a difusão de saberes entre territórios podendo apropriar-se de símbolos diversos, códigos cifrados, linguagens de programação, tecnologias diversas e outros suportes para desenvolver uma prática que uma a ética Hacker com multiverso da Cultura.

Obras

Hack000000
Happening

Hack000000 parte da urgência de ocupação dos equipamentos culturais por pessoas negre e anti racistas, em mostras de artista negre em especial e artistas não negre onde a mediação se localiza não só no local de fala, mas na presença massiva de pessoas semelhantes ao artista em questão, no caso Jean Michel Basquiat em sua 1ª mostra individual na cidade de São Paulo.

O ato em si demonstra aos frequentadores negres de exposições de arte seus pares possíveis in loco, rompendo o isolamento e a falsa impressão de tokenísmo imposta sutilmente pelo centro cultural, a equipe de curadoria, educativo e produção em questão e outros protagonistas de poder decisório sobre a mostra. Convida empaticamente a ocupação do bem público além de justapor minha pesquisa em três campos fundamentais com pesquisa do artista: Writing (o que lemos como pixo e o graffiti na cultura hip hop) o movimento African-American art presentes nos bairros de NY e os desdobramento visíveis com arte contemporânea desenvolvidas nos anos 80’s. 

Hack000000 II
Happening

Hack000000 II tem como base a infiltração nas fissuras deixadas propositalmente pelo estado, em emancipar extremamente pessoal, como os profissionais formados pela rede de escolas públicas e quais são os possíveis impactos sociais na presença participativa destes profissionais no espaço escolar construindo uma lógica de UBUNTU (Eu sou, porque Nós somos).

Obra foi desenvolvida em Parceria com a Profª Aline Rossi na EMEB Hygino Baptista de Lima em SBC – SP com a turma G4 (crianças de 4 á 5 anos) apresentando aos educandos uma estética complexa como de Land Art e o artista Robert Smithson e a relação da humanidade com o planeta

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